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É a mola que dá a força!

  • Deyse Reis
  • 14 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

A técnica do Pilates estimula diferentes áreas do corpo, trazendo inúmeros benefícios para a saúde e para quem quer manter a forma.

Bolas coloridas, de diversos tamanhos, estão espalhadas no chão, recoberto por uma espuma grossa e dura. Parece um espaço de recreação para a criançada. Observando um pouco mais, a primeira impressão é mudada. Molas estão presas e acorrentadas à parede. Ao lado, duas camas. Uma parece um beliche, mas, no topo, há alavancas para pendurar os pés e os braços. A outra tem um espaço móvel para deslocar o indivíduo, que fica preso às cordas. Não. Não é um quarto de horrores ou uma câmera de tortura. É apenas uma sala de Pilates.

Tendinite, bursite, falta de flexibilidade e de força muscular. Marli Macedo, 62 anos, aposentada, tinha todos esses problemas. Caminhar uma pequena distância era o mesmo que percorrer um trajeto interminável. Sua locomoção era lenta e o cansaço, inevitável. Depois de dois anos praticando Pilates, suas dores diminuíram e hábitos antes esquecidos foram resgatados. "Sempre gostei de sapato alto, mas só podia usar uma vez ou outra, em festas. Hoje, ando e me equilibro neles com mais facilidade. O Pilates restituiu as minhas pernas".

Desenvolvida em 1920 pelo alemão Joseph Pilates, a técnica só passou a ter reconhecimento internacional na década de 1980. No Brasil, a prática se difundiu nas academias e clínicas apenas no final dos anos 90. Durante a Primeira Guerra Mundial, Joseph realizava, com seus companheiros, exercícios no solo. Ao final do combate, o alemão aprimorou seu método e passou a aplicá-lo na reabilitação de feridos. O uso de molas acopladas às camas condicionava os pacientes debilitados que permaneciam muito tempo descansando.

Baseado em seis princípios ( concentração, controle, precisão, respiração e movimento fluido), o método permite a melhora da postura, da flexibilidade e do tônus muscular. Durante o exercício, a atenção é voltada para cada parte do corpo. Os movimentos são contínuos, controlados e precisos, aliados à respiração, que favorece o relaxamento dos músculos. As molas, com diferentes níveis de contração, estimulam a força ao puxar o peso do próprio corpo.

Qualquer pessoa pode adotar o Pilates como exercício. As grávidas conseguem se preparar para a gestação, tornando-se flexíveis e fortes, assim como os integrantes da terceira idade têm sua postura e problemas de saúde, a exemplo da artrose e reumatismo, melhorados. Crianças e adolescentes também estão liberados. "Nesse período, o osso cresce mais que o músculo. Então, o Pilates vai ajudar no crescimento e na flexibilidade", explica Daniela Pires, fisioterapeuta da clínica Insbot. A Intensidade dos movimentos é dosada de acordo com cada caso, não havendo, assim, necessidade de restrição.

Embora seja mais procurado por pessoas que desejam reabilitação e busca pela saúde, o Pilates é uma excelente opção para quem quer definir o corpo. Entretanto, se o objetivo é aumentar a massa muscular e ganhar peso, a academia de ginástica vai solucionar o seu desejo. "O Pilates pode ser mais tranquilamente utilizado para fitness, mas o resultado é diferente de uma academia", explica Mariana Rodrigues, fisioterapeuta da clínica Phisioserv. "Aqui, você não aumenta a massa magra, mas tonifica e modela o músculo. Em um mês você já nota a diferença".

As sessões podem durar de uma a uma hora e meia e são geralmente praticadas em grupos de, no máximo, oito pessoas. Apesar do esforço nos exercícios e do tempo das aulas, os alunos não apresentam uma gota sequer de suor. Prova de que não é o cansaço e o desgaste físico que promovem benefícios ao corpo.

Em algumas clínicas, os planos de saúde cobrem o valor da atividade integralmente ou via reembolso. Em média, o Pilates custa R$ 110,00 por mês, o que impede a instantânea adesão dos brasileiros ao método. O acompanhamento dos exercícios é feito por um fisioterapeuta especializado na técnica do Pilates e o número de profissionais gabaritados ainda pe pequeno. Além disso, nove aparelhos foram desenvolvidos para realizar os mais de 500 tipos de movimentos. O valor do equipamento, apesar da existência de fabricantes nacionais, ainda é alto.

Deitada e com uma bola sob as pernas dobradas, Luedy Lima, 43 anos, inspira. O tronco levanta com o auxílio de uma mola, a bola rola, as pernas se esticam e o ar sai dos pulmões. Segundos depois, a posição inicial é restabelecida para completar a série de 12 repetições. "Como eu vivia sem Pilates?", indaga. "Eu passei a descobrir que meu corpo é capaz de fazer coisas que eu nem imaginava". Em pé, com as pernas flexionadas e puxando uma mola na altura do quadril, Arizana Barbosa, 41 anos, concorda. "Aqui, você adquire consciência corporal".

>> Texto escrito em 2007 para a ABAN (Agência Baiana de Notícias) por Deyse Reis

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